Exercício de aerodinâmica: Calculando os parâmetros de um fluxo de ar sobre uma placa plana – 1
Uma placa plana está imersa em um fluxo de ar de u∞ = 40 m/s, tem um envergadura b = 1 m, uma corda c = 0,75 e é colocada paralelamente ao fluxo de ar, eixo x. O eixo y está apontando para cima. A coordenada x = 0 está no bordo de ataque da placa plana, enquanto a coordenada x = c coincide com o bordo de fuga. A coordenada z no sentido da envergadura varia de -b/2 a b/2, respectivamente, às arestas da asa. Este exercício está dividido em três seções.
Primeira seção
A primeira seção é baseada em três cálculos, (1) a vorticidade na superfície superior no ponto (c,0,0) para cf = 0,003, (2) a taxa de fluxo de ar na camada limite em m²/s para (x = c, z = 0) e y > 0 com δ = 0,016 me δ* = 0,002 me defina (3) uma expressão analítica para a taxa de fluxo de ar em (x = c, z = 0) e y > 0 onde a velocidade perfil é dado abaixo:
u = u∞∙(y/δ)1/7
O primeiro passo é calcular o Reynolds para identificar se o fluxo de ar é laminar ou turbulento:
Re = u∙l/ν = (40 ∙ 0.75) / 15∙10-6 [(m/s) ∙ m/(m²/s)] = 2000000 = 2∙106 → Turbulent flow
Outro cálculo importante é a pressão dinâmica, na maioria das questões aerodinâmicas é necessário calcular este parâmetro, que é dado por:
q∞ = (1/2)∙ρ∙u∞² = 0.5 ∙ 1.2 ∙ 40² [(kg/m²)∙(m/s)²] = 960 Pa
Questão 1
Assim, considerando um escoamento turbulento é possível iniciar o cálculo da vorticidade (1). Na verdade, o fato do escoamento turbulento é uma das considerações. Como esta questão supõe uma placa plana com uma espessura desprezível, a vorticidade é calculada assumindo que o fluxo de ar está próximo da placa onde não há condições de deslizamento υ|ω = 0 são aplicadas. Basicamente, simplificam os cálculos considerando uma placa plana 2D, o que implica:
∂u/∂y ≫ ∂υ/∂x Assim, a vorticidade pode ser simplificada para: ω = (∂υ/∂x – ∂u/∂y) ≈ – ∂u/∂y
No entanto, a componente de velocidade u não é conhecida (para esta questão), é necessário outro meio para calcular isso. Para uma direção corrente x, direção normal à parede y, é possível escrever:
τ12|ω = 2μS12
Uma vez que a ordem de análise de magnitude de Prandt aproxima isso a:
τ12 ≈ μ∙(∂u/∂y)
Na parede (y = 0) essas aproximações não são mais necessárias, portanto:
τ12|ω = μ∙(∂u/∂y)|ω
A tensão de cisalhamento na parede pode ser muitas vezes dada por:
τ12|ω = τω
O coeficiente de arrasto devido ao atrito local já é conhecido, assim usando sua definição é possível encontrar a vorticidade:
cƒ(x) = τω(x) / q∞
τω(x) = cƒ(x) ∙ q∞ = 0.003 ∙ 960 = 2.880 Pa
τω = μ∙(∂u/∂y)|ω = 2.880 Pa → (∂u/∂y)|ω = 2.880 / μ = 2.880 / (18∙10-6) [Pa/(Pa∙s)] = 160000 = 1.6∙105 s-1
Então:
ω = – ∂u/∂y = – 1.6∙105 s-1
Questão 2
A próxima pergunta pede para calcular o fluxo de ar na camada limite em m²/s para (x = c, z = 0) e y = 0. Se uma das informações for δ = 0,016 me δ* = 0,002 m, o deslocamento espessura está sendo considerada. Para um caso de placa plana e assumindo uma densidade constante, a vazão volumétrica devido à espessura do deslocamento:
q’ = u∞(δ – δ*) = 40∙(0.016 – 0.002) [(m/s)∙m] = 0.560 m²/s
Basicamente, o aplicativo de fórmula resolve essa questão.
Questão 3
Nesta questão é solicitada a vazão de ar considerando o perfil de velocidade dado, as condições são as mesmas (x = c, y = 0) e y > 0. O cálculo é:
u = u∞∙(y/δ)1/7 ; δ* = ∫0y≽δ(1 – u(y)/u∞)dy
(u/u∞) = (y/δ)1/7 → δ* = ∫0y≽δ(1 – (y/δ)1/7)dy = ∫0y≽δdy – ∫0y≽δ(y/δ)1/7dy = y|0δ – (1/δ1/7)∙[1/(1+1/7)]∙y1+1/7|0δ
δ* = y|0δ – (1/δ1/7)∙(y8/77/8)|0δ = (δ – 0) – (1/δ1/7)∙(δ8/77/8 – 0) = δ – δ∙7/8 = δ/8
q’ = u∞∙(δ – δ*) = u∞∙(δ – δ/8) = 7δ/8 m²/s = 0.875∙δ m²/s
Segunda seção
Neste ponto o exercício se tornou um pouco complexo, a placa plana é girada em torno do eixo z. O ângulo de ataque produzido é α = – 0,1 rad para gerar uma sustentação L = 180 N. Além disso, assume-se que a placa plana se comporta como uma asa elíptica. As questões são para calcular o arrasto induzido (4) e o arrasto de forma (5). Para entender como chegar a esses ângulos é importante conhecer os ângulos básicos da asa, conforme ilustrado na Figura.
Questão 4

Como pode ser visto, são componentes de arrasto, uma devido ao ângulo de ataque induzido e outra devido ao arrasto gerado pela forma do corpo. O primeiro passo é utilizar as informações que a questão já possui, α e L, assim é possível escrever as equações para ângulo de ataque total induzido e sustentação, respectivamente.
L = CL∙q∞∙S → CL = L/(q∞∙S) = 180 /[960∙(1∙0.75)] = 0.250
αi = CL/(π∙AR) = 0.250/[π∙(1/0.75)] = 0.059683104 ≃ 0.060 rad
Di = L ∙ Tg(αi) = 180∙Tg(0.060 rad) = 10.75573259 N = 10.756 N
Como pode ser visto na Figura 1 e pelos cálculos, o componente de arrasto induzido é muito pequeno. É bastante claro que as forças produzidas devido ao fluxo de ar podem ser calculadas por relação trigonométrica no triângulo retângulo.
Questão 5

O mesmo processo pode ser aplicado ao arrasto de forma, que é mais fácil de calcular, pois α já é conhecido.
cos(α) = L/Lƒ ; sin(α) = D/Lƒ
Tg(α) = sin(α)/cos(α) = (D/L)/(L/L) = D/L → D = L∙Tg(α)
D = 180∙Tg(- 0.1) = – 18.06024098 N = – 18.060 N
Terceira seção
A terceira seção de cálculos é sobre a variação total do ângulo de α = – π/2 rad, mas com uma resistência ao arrasto de CD = 1,3 e um coeficiente de pressão de Cp,b = – 1,1, O cálculo solicitado é o Cp,f médio , que é o coeficiente de pressão frontal (6) e o conteúdo de energia gerado por unidade de comprimento x (7).
Questão 6

De acordo com a Figura 3, é possível entender a situação. Quando a placa plana gira até – π/2 rad, o coeficiente de arrasto é a soma dos valores médios do coeficiente de pressão na base e na frente da placa. O desenvolvimento deste baseia-se em:
D = – q∞∫cp n dS → D = – q∞∙cp ∫n∙i dS
Uma vez que a definição da expressão do coeficiente de pressão CP é:
Cp ≡ (p – p∞)/q∞ → Cp∙q∞ = (p – p∞) → Cp∙q∞ = p
Isso pode ser aplicado na definição de arrasto, que é escrita de forma direta devido à posição real da placa:
D = q∞∙CD∙S = q∞∙CD∙(b∙c)
Com essas 2 últimas equações, é possível substituí-las na integral de arrasto devido ao coeficiente de pressão:
D = – q∞∙cp ∫n∙i dS → D = – p∫n∙i dS = – q∞∙cp,f ∫n∙i dS
A expressão para o coeficiente de pressão na face frontal da placa é descrita acima. Como o arrasto é a diferença de pressão nas faces frontal e de base, é possível escrever:
D = – q∞∙cp,f ∫n∙i dS – q∞∙cp,bf ∫n∙i dS
Como a definição do arrasto é D = q∞∙CD∙S, é possível escrever:
q∞∙CD∙S = – q∞∙cp,f ∫n∙i dS – q∞∙cp,b ∫n∙i dS
Desenvolvendo a integral é possível obter o produto entre os vetores n e i, sendo a normal externa e o vetor deslocamento na direção x. Este produto tem resultados diferentes, pois n vetores de cada face da placa apontam para direções opostas, assim:
q∞∙CD∙S = q∞∙cp,f ∙S – q∞∙cp,b∙S
CD = Cp,f – Cp,b → Cp,f = CD + Cp,b = 1.3 + (-1.1) = 0.2
Questão 7
A última pergunta é sobre o conteúdo de energia em uma esteira por unidade de comprimento x, que é dada por E0‘. No entanto, este é basicamente o arrasto devido à pressão sobre a superfície, assim:
D = q∞∙CD∙S = E0‘ → E0‘ = q∞∙CD∙S
E0‘ = 960∙1.3∙(1∙0.75) = 936 N
Referências
- Stalio, Enrico. Aerodynamics. October, 2021;