O Kart Explicado – Como Funcionam os Pneus do Kart
No karting os pneus não apresentam tanta diferença em relação as tradicionais categorias do automobilismo, também se utilizam pneus slick com diferentes compostos de borracha que combinam durabilidade e grip. Os pneus, basicamente, se dividem em três níveis: Suave(Soft), médio(Medium) e duro (Hard). Os suaves desempenham grande nível de aderência, mas duram poucas voltas. Já os médios possuem certo equilíbrio entre durabilidade e dureza, e são bastante populares nas mais variadas categorias do karting. Por último, os pneus duros são pneus que possuem grande durabilidade, mas com um nível de grip não tão alto, demoram a atingir a temperatura de trabalho e exigem um acerto mais agressivo do kart para se extrair sua máxima performance.
Pressão dos pneus
Independente do tipo do composto do pneu, este possui uma pressão de trabalho, e esta é diferente da pressão aplicada no pneu quando frio. Depois que o kart entra na pista para uma sessão de treino ou corrida, é normal que esta pressão atinja um valor maior do que quando o pneu estava frio, devido a temperatura ambiente, temperatura da pista, o ajuste do kart, superfície da pista e claro, o atrito dos pneus com o solo. O problema é que se esse aumento de temperatura for excessivo, torna-se prejudicial para o desempenho dos pneus. Por isso é importante atentar para alguns detalhes antes entrar na pista e logo após sair dela.
Antes de entrar na pista, é importante verificar se os pneus estão todos calibrados corretamente, e garantir que estejam todos sobre as mesma condições. Por exemplo, se estão sob o sol, todos devem ficar sob o sol, se estão na sombra, todos devem permanecer na sombra. Todo esse cuidado é importante, pois a pressão inicial (frio) do pneu influencia na pressão de trabalho (quente) do mesmo. Até que o pneu atinja sua pressão de trabalho, a pressão pode aumentar de 2 a 6 psi em relação a pressão inicial. Essa pressão de trabalho que o pneu pode atingir depende do composto do pneu. Quanto mais duro o composto, maior pressão de trabalho.
A alteração da pressão dos pneus possui impacto direto no grip, e no quão rápido esse grip irá ser alcançado quando o kart está na pista. Em resumo, quando reduzimos a pressão dos pneus obtemos mais grip, devido a maior área de contato da banda de rodagem, mas a velocidade com que os pneus atingem a temperatura e a pressão de trabalho é mais lenta, e consequentemente o grip será mais lentamente obtido; quando aumentamos a pressão dos pneus, estes conseguem rapidamente atingir a temperatura e pressão de trabalho, logo atingem o grip mais rapidamente.
Contudo, os excesso são prejudiciais para ambos os extremos. Pressões muito baixas farão o pneus murchar, e ao invés de se obter uma maior área de contato, obtém uma área de contato desigual comprometendo o comportamento do kart. Pressão elevadas resultarão no desgaste prematuro do pneu, desgaste na parte central da banda de rodagem e a perca do grip.
Devido aos fatores acima, a pressão dos pneus é uma variável delicada no acerto de um kart, na verdade ela é dinâmica, pois não é constante e variáveis como condições da pista, clima, acerto do kart e até a técnica do piloto irão influenciar na pressão de trabalho dos pneus. Por isso, é muito importante fazer anotações da pressão dos quatro pneus do kart antes de entrar e logo depois de sair da pista, e saber o quanto de pressão os pneus ganham depois de um sessão de treino ou corrida, o ideal é que o aumento nunca ultrapasse a faixa de 2 a 3 psi.
Cada tipo de pneu possui uma determinada pressão inicial a ser calibrada:
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Duros: 12-13psi;
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Médios: 9-10psi;
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Suaves: 8-9psi.
Possuem também uma pressão de trabalho que deve ser atingida na pista:
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Duros: 15psi;
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Médios: 13psi;
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Suaves: 11,5psi.
Tendo em mente que os pneus do kart podem atingir até 6psi a mais de pressão em ritmo de treino ou corrida, devemos calibrar os pneus quando frios a uma determinada pressão que compense esse ganho, e os pneus se mantenham na faixa de pressão de trabalho. Por exemplo: Iniciando um treino com 10psi de pressão (frio) nos quatro pneus, é importante medir a pressão assim que o kart retornar aos boxes, e avaliar o aumento de pressão. Pois muitas vezes o aumento é desigual, devido ao layout da pista. Então, supondo que em um retorno do kart aos boxes, e ao medir a pressão dos pneus obtenhamos valores iguais no lado esquerdo do kart, 13psi, mas diferentes do lado direito, 14psi no pneus dianteiro direito e 15psi no traseiro direito. Sabendo disso, durante a calibração do pneus a frio, colocamos 10psi nos pneus esquerdos, enquanto colocamos 9psi no dianteiro direito e 8psi no traseiro direito. O objetivo desse procedimento, é equalizar a pressão de trabalho dos pneus mesmo nas pistas aonde as cargas se concentram mais de um lado do que do outro.
Temperatura dos pneus
Em algumas passagens dos parágrafos anteriores mencionamos a temperatura dos pneus durante seu uso, na verdade a temperatura e a pressão são bastante ligadas ao desempenho dos pneus. E da mesma forma que a pressão, também devemos aferir a temperatura dos pneus. O equipamento para medição de temperatura dos pneus chama-se pirômetro, e pode ser a laser ou do tipo agulha. Embora o aparelho a laser seja mais prático e rápido, o tipo agulha é mais preciso, pois consegue aferir a temperatura além da banda de rodagem do pneu, aonde o calor é mais intenso.
A temperatura é medida em três pontos da banda de rodagem do pneu, parte externa, centro e na parte interna. Com essas três variáveis de temperatura é possível mensurar em quais pontos do pneus se faz maior contato com o solo. Isto também pode ser avaliado observando como ocorre o desgaste dos pneus, pois as zonas de superaquecimento são perceptíveis devido ao graining, pequenos fiapos de borracha que desgarram do pneu. Assim, um preparador pode avaliar se o alinhamento do kart está ideal para pista ou se deve ser revisado.