Planejamento de manutenção de automóveis

O automóvel é, talvez, a máquina mais utilizada em todo o mundo. Isso coloca os motoristas como meros operadores de máquina. Seguindo essa linha de raciocínio, sabemos que na indústria ou em serviços, um operador de máquinas deve conhecer o seu equipamento. Por exemplo, um operador de torno ou fresa sabe que deve cuidar carinhosamente do seu barramento, que a cada fim de expediente, este deve estar limpo e lubrificado. Ele sabe que precisão daquele barramento é fundamental para qualidade dimensional de todas as peças que ali serão fabricadas ou retificadas. Perceba que, o operador das máquinas citadas acima conhece bem seu equipamento, sabe como este funciona, como cuidar para que esteja sempre em bom estado e que essa manutenção representa bom funcionamento, precisão e indiretamente, mas tão importante quanto ou até mais, custo. O mesmo raciocínio é válido para um motorista, ele deve conhecer seu automóvel, como ele funciona, se comporta e o que deve ser feito para que esteja sempre em condições plenas de uso. Por isso as fábricas e oficinas estabelecem os planos de manutenção. Obviamente, um técnico especializado deverá proceder a manutenção do veículo, porém o planejamento desta pode ser feito pelo usuário. O artigo abaixo apresenta um plano de manutenção simples e didático onde o proprietário do veículo terá uma recomendação do que realizar durante os três períodos do ciclo de vida básico de um automóvel:

  • 30.000 km;
  • 60.000 km;
  • 100.000 km.

Esse planejamento é válido para veículos recém-saídos da concessionária, mas também pode ser ajustado para veículos usados, desde que estes tenham passado por uma rigorosa revisão e que o proprietário tenha conhecimento das peças substituídas e do nível de desgaste das peças atuais. Nesse caso, pode parecer complicado, mas basta uma rápida conversa com o mecânico para ter conhecimento do estado do seu automóvel.

Trem de força (Powertrain)

A propulsão do automóvel é realizada por um motor de combustão interna, este produz trabalho através da queima de uma mistura de ar mais combustível dentro de cilindros. A força da queima impulsiona um pistão, dentro do cilindro, para baixo, que por estar conectado ao virabrequim através de uma biela, consegue transferir a energia produzida na combustão para o virabrequim, produzindo então seu torque motor. Devido aos diversos componentes móveis, um motor de combustão interna deve lidar com o atrito gerado por estes. Assim são necessários meios para reduzir o atrito e as consequências deste. Além disso, as altas taxas de transferência de calor nas paredes do cilindro requerem um potente sistema de arrefecimento, no qual um fluído composto por água e aditivo a base de etilenoglicol é encarregado de preencher as câmaras internas do bloco e do cabeçote para “roubar” o calor das paredes dos cilindros. Assim, percebe-se que, se o motor não contar com lubrificação e arrefecimento seu funcionamento ocorreria apenas por um breve período de tempo. Contudo, mesmo com a utilização de excelentes óleos e fluído de arrefecimento, estes oxidam com o tempo e perdem seu poder de ação, além disso, os componentes do motor se desgastam gerando folgas que consequentemente resultam na perda de desempenho e alto consumo de combustível.

Manutenção preventiva até 10.000 quilômetros rodados ou 1 ano

Nesse pequeno intervalo de tempo, o óleo lubrificante deve ser substituído. A utilização de óleos sintéticos ou minerais não altera o prazo de troca, porém a redução da viscosidade, quando oxidado, de um óleo mineral oxidado em relação ao óleo sintético é muito maior. Essa redução se dá de forma abrupta no óleo mineral, diferente do óleo sintético que apresenta uma redução progressiva. É fácil encontrar recomendações em diversas literaturas indicando a troca do óleo a cada 5.000 km. Entretanto, estas geralmente abordam o termo “uso severo”. Este termo se refere, ao contrário do que muitos motoristas acreditam ser, ao uso urbano. Para motoristas que utilizam o automóvel na maior parte do tempo dentro do perímetro urbano, ou seja, região metropolitana com muitos sinais, reduções e retomadas de velocidade e trafego intenso, é ideal trocar o óleo do motor preventivamente com 5.000 km. Esta recomendação é válida, pois nesta condição de uso o motor raramente atinge seu regime pleno e constante de carga, está sempre sob forte variação. Como a bomba de água e de óleo estão ligadas diretamente ao virabrequim, estas também estarão operando um pouco afastadas de sua faixa ideal de trabalho, prejudicando o fluxo de óleo e fluído de arrefecimento dentro do motor, some a isso as constantes variações da mistura ar/combustível, e parte desta não irá queimar, formando carvão ou simplesmente contaminando o óleo lubrificante. Em veículos que rodam na maior parte do tempo em rodovias e estradas, é natural que estes desenvolvam maiores  velocidades, e consequentemente o motor trabalha mais próximo de sua carga ideal. Com boa compressão feita pelos pistões e os sistemas de arrefecimento e lubrificação operando na sua faixa plena, o motor consegue trabalhar próximo do regime constante e da carga plena. Dessa forma, o óleo lubrificante degrada menos e o prazo pode ser estendido até os 10.000 Km ou 1 ano, ou o que ocorrer primeiro.

Atividades

  • Verificação periódica do nível do óleo lubrificante – Cada 1.000 km;
  • Verificação periódica do fluído de arrefecimento – Cada 1.000 km;
  • Substituição do óleo lubrificante do motor – de 5.000 até 10.000 km ou 1 ano;
  • Substituição do filtro de óleo do motor – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição do filtro de combustível – Sempre a cada troca de óleo.

A verificação do nível de óleo do motor deve ser feita periodicamente, geralmente a cada 1.000 Km. Para realizar a verificação deve-se estacionar o veículo em um local plano, e com o motor frio, retirar a vareta de medição. Limpar, recolocar para então, retira-la novamente e conferir o nível de óleo motor.

Caso o nível de óleo esteja abaixo da indicação de máximo, porém acima do mínimo, é permitido completar o nível. Em casos nos quais o nível do óleo está abaixo do mínimo, completa-se o nível, mas deve ser verificado o manual do veículo ou literatura técnica do fabricante para identificar até que ponto é aceitável a queda no nível de óleo lubrificante. Em termos gerais, uma queda abaixo do mínimo em menos 1.000 km sinaliza folgas consideráveis no motor, que provocam o alto consumo de óleo. Recomenda-se uma avaliação da compressão dos cilindros.

A substituição do óleo do motor é feita por debaixo do veículo. No motor existe uma tampa inferior com função de proteção e armazenamento do óleo motor, o chamado Carter. Neste encontra-se um parafuso, com arruela de vedação, comumente chamado de bujão. A troca é feita retirando este e deixando o óleo escorrer até começar a gotejar. Recoloca-se o bujão.

O filtro de óleo deve ser trocado sempre que o óleo for substituído. Após o esvaziamento do óleo do motor, retirar o filtro de óleo usado e por o filtro novo atentando para a lubrificação de seu anel de vedação. Finalmente, coloca-se o óleo novo no volume indicado pelo fabricante.

Juntamente com a verificação do óleo do motor, é importante verificar o nível de fluído de arrefecimento. Essa inspeção é simples, porém requer algumas condições para evitar que interpretações errôneas venham a causar problemas futuros. A verificação é feita com veiculo estacionado em uma superfície plana e, principalmente, com motor frio, em outras palavras, há pelo menos 4 horas sem funcionar. É importante que isso seja obedecido, pois o nível de fluído de arrefecimento está em constante variação devido a abertura ou fechamento da válvula termostática e da expansão do fluído. Uma vez que o nível do fluído for avaliado de forma incorreta e posteriormente completado, o fluído, agora em maior volume não terá para onde expandir, gerando uma sobre pressão no sistema que é fatal para mangueiras, juntas e janelas de usinagem do bloco. Como resultado, surgirão vazamentos e entradas de ar no sistema prejudicando a troca de calor do motor com fluído e deste com o ar.

A substituição do filtro de combustível é realizada sempre a cada troca de óleo. Este filtro localiza-se, geralmente, próximo ao tanque de combustível. Sua substituição é importante para evitar sobrecarga na bomba de combustível e que possíveis contaminantes venham a atingir os bicos injetores.

Entre 10.000 km e 30.000 km rodados

  • Verificação periódica do nível do óleo lubrificante – A cada 1.000 km;
  • Verificação periódica do fluído de arrefecimento – A cada 1.000 km;
  • Verificação do filtro de ar do motor e limpeza da caixa de ar – A cada 10.000;
  • Verificação blow-by (pressão interna) do motor – A cada 30.000 km;
  • Verificação das velas de ignição – A cada 10.000 km;
  • Substituição do filtro de ar do motor – Não mais do que 30.000 km;
  • Substituição do óleo lubrificante do motor – de 5.000 até 10.000 km ou 1 ano;
  • Substituição do filtro de óleo do motor – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição do filtro de combustível – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição das velas de ignição – A cada 30.000 km.

A verificação do filtro de ar a cada 10.000 km não é uma manutenção ou inspeção realmente necessária, de fato ela não é. Contudo, fica sugerido como boa prática a retirada do filtro de ar da caixa de ar, e posterior limpeza desta, que dependendo da região pode ficar bastante contaminada com poeira e detritos, que ali ficaram retidos devido ao filtro de ar.

A substituição do filtro de ar deve ser realizada sempre a cada 30.000 quilômetros rodados, período médio no qual este impregna e começar prejudicar o funcionamento do motor. Em casos extremos de negligência, o nível de obstrução do filtro de ar chega a tal ponto, que o óleo do motor pode ser sugado pelo blow-by, além disso, o desempenho e o consumo de combustível ficam prejudicados. Para trocar o filtro de ar, basta localiza-lo no motor, retirar sua proteção plástica (caixa de ar) e substitui-lo.

A verificação das velas de ignição é uma importante inspeção que pode ser incluída no plano de manutenção do automóvel, principalmente se este for um veículo seminovo (usado). As velas de ignição promovem a centelha que desencadeia a combustão da mistura ar e combustível nos cilindros. Portanto são componentes que estão em contato direto com a câmara de combustão. Técnicos, mecânicos e mantenedores experientes conseguem ter noção do estado do motor apenas verificando o estado das velas de ignição, através destas é possível detectar falhas de combustão, superaquecimento, carbonização úmida ou seca.

A substituição das velas de ignição deve ser realizada aos 30.000 km rodados por prevenção. Há casos em que estas ainda estão funcionando com desempenho satisfatório, contudo podem estar forçando cabos de velas e bobinas a manter a tensão necessária para a boa combustão. Uma vez que a vela começa apresentar uma maior resistência a corrente elétrica, maior esforço terá que ser feito na(s) bobina(s) e nos cabos de velas (caso o motor os tenha). Por esse motivo sempre existem questionamentos sobre trocar apenas as velas ou todos os componentes de ignição.

A verificação das mangueiras de pressão positiva do motor (blow-by) é um procedimento de inspeção que, geralmente, quando aponta sintomas como, mangueira rasgada, entupida ou ressecada significa que folgas internas no motor já alcançaram valores expressivos e estão prejudicando o funcionamento do motor. A simples troca do blow-by nesses casos não irá resolver o problema de fato.

Entre 30.000 a 60.000 km rodados

  • Verificação periódica do nível do óleo lubrificante – A cada 1.000 km;
  • Verificação periódica do nível de fluído de arrefecimento – A cada 1.000 km;
  • Verificação do filtro de ar do motor e limpeza da caixa de ar – A cada 10.000;
  • Verificação blow-by (pressão interna) do motor – A cada 30.000 km;
  • Verificação das velas de ignição – A cada 10.000 km;
  • Verificação do sistema de injeção eletrônica – A cada 60.000 km;
  • Verificação das vedações do motor – A cada 60.000 km;
  • Verificação da compressão dos cilindros – A cada 60.000 km;
  • Verificação das correias de transmissão – A cada 60.000 km;
  • Substituição do filtro de ar do motor – Não mais do que 30.000 km;
  • Substituição do óleo lubrificante do motor – de 5.000 até 10.000 km ou 1 ano;
  • Substituição do filtro de óleo do motor – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição do filtro de combustível – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição das velas de ignição – A cada 30.000 km;
  • Substituição da bobina e cabos de velas de ignição – A cada 60.000 km;
  • Substituição da fluído de arrefecimento do motor – A cada 60.000 km ou 3 anos.

Na maioria das marcas, quando o veículo atinge 60.000 km é recomendada uma revisão ampla de diversos sistemas. Isso se deve ao fato do veículo já ter atingido um nível de utilização suficiente para surgimento de possíveis problemas, muitos destes conhecidos e geralmente motivados por desgaste natural das peças ou falhas de manutenção. Entretanto é possível também observar problemas novos, devido as mais variadas condições de uso que um veículo é submetido.

A verificação do sistema de injeção eletrônica é aqui abordada devido ao sistema já ter conhecimento do nível de envelhecimento do motor, sendo então capaz de se adequar as variações de pulsos elétricos que os sensores passam a emitir após determinado nível de rodagem. Sabendo disso, é importante a verificação do estado dos sensores e seus conectores, e proceder a troca de qualquer sensor com sinal de desgaste ou avaria. Os atuadores também devem ser verificados, pois costumam a apresentar contaminação de vapores de óleo e combustível. Os principais exemplos são o TBI, as válvulas injetoras, a válvula de purga do canister e a válvula EGR (Recirculação dos gases de escape).

O TBI é a conhecida borboleta de aceleração, e é não raro encontra-lo contaminado com borras de óleo devido ao excesso de vapor proveniente do blow-by. Além disso, as válvulas de purga e EGR costumam a apresentar problemas de travamento, que se não substituídas promovem o fluxo desvairado de vapor de combustível e gases de escape para serem queimados no motor. Isso prejudica o funcionamento do motor, que pode apresentar falhamentos, contaminação do óleo lubrificante e aumento no índice de emissões.

O principal atuador do sistema de injeção eletrônica a ser verificado, é a válvula injetora. Elas são localizadas no final do coletor de admissão ou diretamente no cabeçote, onde seus orifícios desembocam diretamente na câmara de combustão. Contudo, é natural que depois de um determinado período os bicos apresentem pequenas variações na sua vazão devido aos contaminantes no combustível e eventuais detritos dentro do tanque. Um desleixo na substituição periódica dos filtros de combustível pode reduzir a vida útil das válvulas injetoras. Por isso é importante verificar a vazão das válvulas injetoras e sua estanqueidade, tais testes são realizados em um maquinário apropriado. Se necessário, efetuar a limpeza de bicos para remover a sujeira que impede o bom funcionamento destes.

A verificação das vedações do motor é uma inspeção sobre juntas e retentores deste, sendo os mais importantes, a junta do cabeçote e o retentor do virabrequim. Ambos estão expostos a condições críticas de temperatura e pressão. Caso o motor não tenha bom histórico de manutenção, é quase sempre identificável vazamentos nesses pontos.

A verificação da compressão dos cilindros é uma inspeção que pode detectar vários tipos de problemas na câmara de combustão, como assentamento irregular das válvulas ou problemas com os anéis de segmento. Muitas vezes a redução da compressão pode ser resolvida com um simples esmerilhamento das sedes de válvula, que devido a carbonização, ficam contaminadas prejudicando o assentamento destas. Contudo, uma falha na compressão pode sinalizar problemas sérios com o motor, como consumo exagerado de óleo lubrificante, baixa potência e oxidação prematura do óleo devido a contaminação com o combustível.
A substituição do fluído de arrefecimento deve ser realizada, pois o envelhecimento deste dentro do motor, ao invés de proteger, ataca quimicamente os componentes internos gerando corrosão das paredes do bloco, além disso o fluído passa a evaporar com mais facilidade e perde seu poder de lubrificação, que é importante para a bomba de água.

Um dos componentes mais importantes do motor é a correia dentada, sua função é de vital importância para seu funcionamento. Não são raros os casos de rompimento dessa correia e os relatos de prejuízos provocados por esta. Porém a correia dentada é um componente de fácil inspeção. Visualmente é possível detectar rachaduras na correia e nos dentes, o que denuncia a degradação da borracha. Por isso é interessante que a correia seja inspecionada a cada revisão do veículo.

O prazo de troca de uma correia é variado, muitos fabricantes sugerem nos manuais de seus veículos prazos de cerca de 100.000 km para a primeira correia, caindo pela metade na segunda. Contudo, existem motores que operam com prazos de troca maiores e até abrangendo toda a vida útil do motor. Estes casos são de motores que trabalham com correias ou correntes imersas em óleo lubrificante. Nessas condições, a vida útil de uma correia dentada é capaz de saltar de meros 90.000 para 250.000 km, o que equivale a prazo vida garantido por muitas marcas aos seus motores, por isso se dizem vitalícias. No caso do reparo de um motor desse nível de tecnologia, e que este ainda utilize a correia original, é necessário a troca.

Os componentes acessórios, como correias de acessórios, rolamentos e tensores também devem ser inspecionados. Os critérios de inspeção para a correia dentada também valem para a correia de acessórios. Com relação ao tensor e rolamento, devem ser inspecionados a cada 60.000 km quanto ao seu estado, e trocados quando verificados anomalias. Contudo, a troca destes nem sempre ocorre no mesmo momento que as correias, os rolamentos e tensores costumam durar mais que estas inclusive.

Entre 60.000 e 100.000 km rodados

  • Verificação periódica do nível do óleo lubrificante – A cada 1.000 km;
  • Verificação periódica do nível de fluído de arrefecimento – A cada 1.000 km;
  • Verificação do filtro de ar do motor e limpeza da caixa de ar – A cada 10.000;
  • Verificação blow-by (pressão interna) do motor – A cada 30.000 km;
  • Verificação das velas de ignição – A cada 10.000 km;
  • Verificação das vedações do motor – A cada 60.000 km;
  • Verificação da compressão dos cilindros – A cada 60.000 km;
  • Substituição do filtro de ar do motor – Não mais do que 30.000 km;
  • Substituição do óleo lubrificante do motor – de 5.000 até 10.000 km ou 1 ano;
  • Substituição do filtro de óleo do motor – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição do filtro de combustível – Sempre a cada troca de óleo;
  • Substituição das bases (coxins) do motor – A cada 100.000 km;
  • Substituição das velas de ignição – A cada 30.000 km.

Transmissão

O sistema de transmissão é bastante robusto, por isso suas verificações e substituições de componentes são tão espaçadas. Entretanto, é importante proceder a verificação do estado de seus componentes e vedações, pois não é raro o sistema apresentar vazamentos e desgaste prematuro de coifas dos semi-eixos, buchas do trambulador e bases de sustentação.

Até 60.000 km rodados

  • Verificar as bases (coxins) do cambio – A cada 60.000 km;
  • Verificar estado dos elementos de acionamento – A cada 60.000 km;
  • Verificar fluído hidráulico de acionamento da embreagem – A cada 60.000 km;
  • Verificar coifa dos semi-eixos – A cada 60.000 km;
  • Verificar vedações da caixa de marchas – A cada 60.000 km;
  • Verificar vedações do diferencial – A cada 60.000 km;
  • Verificar óleo da caixa de marchas – A cada 60.000 km.

As inspeções a serem realizadas no sistema de transmissão buscam antecipar problemas que poderão ocorrer entre revisões, ou seja, antes dos próximos 60.000 km. Assim é importante garantir que as bases da caixa de marchas estão em bom estado, pois uma vez que alguma destas cede, a caixa começar a balançar dentro de seu habitáculo prejudicando outros componentes.

O óleo da caixa cambio manual é conhecido pela recomendação de nunca ser trocado, alguns fabricantes recomendam a troca a cada 100.000 km. Entretanto, é comum que alguns veículos apresentem roncados e ruídos provenientes da caixa de cambio. Nesses casos é interessante colher uma parte do óleo para verificar se há presença de limalhas de aço, das engrenagens, em excesso. Além disso, também é uma inspeção útil para verificar a presença de algum contaminante na caixa de marchas, como água, por exemplo. Esta, em veículos com uso off-road pode entrar na caixa quando este trafegar sobre uma via inundada. A mesma recomendação de inspeção é válida para diferencial.

Em casos de veículos com cambio automático, a troca de óleo é necessária a cada 60.000 km. Isso se deve ao fato do sistema utilizar válvulas eletro-hidráulicas para funcionar, e estas necessitam de um óleo limpo. Limalhas de aço, que é costumeiro se soltarem das engrenagens, podem travar essas válvulas, deixando o veículo inoperante.

Entre 60.000 e 100.000 km rodados

  • Substituição das bases do cambio – A cada 100.000 km;
  • Substituição do fluído hidráulico do acionamento da embreagem – A cada 100.000 km;
  • Substituição das buchas do trambulador – A cada 100.000 km;
  • Substituição das coifas dos semi-eixos – A cada 100.000 km.

Sistemas de suspensão e direção

Os sistemas de suspensão e de direção são os mais difíceis de estabelecer previsões acerca de possíveis problemas. Isso se deve ao fato de estarem muito ligados as condições de uso do veículo, ou seja, urbano ou rodoviário, trafego sobre estradas bem pavimentadas ou irregulares, uso fora de estrada e de carga no veículo.

Até 60.000 km rodados

  • Alinhamento e balanceamento de rodas – Até 30.000 km;
  • Verificação dos coxins da suspensão – A cada 60.000 km;
  • Verificação dos rolamentos de roda – A cada 60.000 km;
  • Verificação do nível de fluído hidráulico da direção hidráulica – a cada 60.000 km;
  • Verificação da caixa de direção – A cada 60.000 km;
  • Verificação dos amortecedores – A cada 30.000 km.

O alinhamento e balanceamento de rodas é um procedimento que pode ser feito por prevenção em até 30.000 km. A necessidade desse procedimento depende muito das condições de uso, em virtude das condições das vias brasileiras, é interessante estabelecer uma periodicidade para o alinhamento e balanceamento. Isso se deve as consequências que rodas levemente desalinhadas podem gerar, no caso, um desgaste prematuro dos pneus e alto consumo de combustível, pois as rodas passam a arrastar na pista gerando um esforço contra movimento do veículo.

Os coxins da suspensão devem ser verificados a não mais do que 60.000 km, pois é natural que a borracha no qual são fabricados sofra uma degradação, ficando quebradiças e perdendo sua elasticidade. As consequências são perda do alinhamento das rodas, pancadas no funcionamento da suspensão.

Os rolamentos de roda são componentes que, na maioria dos veículos, dispensam manutenção. Entretanto, em alguns veículos os rolamentos de rodas traseiros necessitam de inspeção, esta é feita verificando se há ruídos e vibrações enquanto a roda traseira gira. Nesses casos a substituição do rolamento deve ser realizada.

Quando o rolamento encontra-se conforme, apenas a substituição da graxa de lubrificação deve ser realiza. Alguns veículos possuem rolamentos blindados, que dispensam manutenção, em caso de ruídos e vibrações, a troca deve ser realizada.

O fluído hidráulico utilizado pelos sistemas de direção hidráulica são livres de manutenção, se e somente se, o sistema estiver isento de vazamentos e contaminantes e não exceda o nível máximo indicado no reservatório. Embora não tenha prazo de troca e também não exija complemento do nível de fluído, vazamentos no sistema de direção hidráulica não permitem a utilização do mesmo fluído depois de reparado o vazamento, pois o ponto de vazamento também representa uma entrada de ar, que acaba por degradar o fluído formando borras no sistema e diminuindo a ação lubrificante e de proteção do fluído na caixa de direção.

A inspeção da caixa de direção deve ser realizada sempre a cada 60.000 km, para identificar folgas, vazamentos e qualquer outro mal funcionamento da mesma. Embora seja um componente robusta, em alguns casos chega apresentar problemas de folgas antes dos 60.000 km, muitas vezes devido a uma manutenção mau feita. A reparação da caixa de direção é realizado por oficinas especializadas em recondicionar caixas de direção, motivo pelo qual em muitos casos de problemas , a substituição da caixa de direção é realizada.

Os amortecedores são os componentes mais complicados de estabelecer um planejamento quanto a manutenção. No geral, é raro eles podem apresentar problemas aos 30.000 km, nesses casos ou ocorre a troca em garantia da peça, ou o veículo foi utilizado em condições extremas de trafego e/ou de carga. Dessa forma, a inspeção dos amortecedores a cada 30.000 km rodados é importante para verificar indícios de vazamentos e o estado de seus batedores. Vazamentos indicam que as vedações dos amortecedores estão comprometidas, consequentemente o nível de absorção de energia dos amortecedores foi consideravelmente reduzido, prejudicando o comportamento dinâmico do veículo.

Sistema de freios

Os freios de um automóvel são sistemas de componentes que funcionam convertendo a energia cinética do veículo em calor através do atrito. Portanto os componentes de atrito deste sistema estão expostos a condições extremas de temperatura. Uma vez que este sistema representa o controle e, principalmente, a segurança do veículo, sua manutenção deve prioridade máxima no quesito planejamento e qualidade dos componentes.

Até 60.000 km rodados

  • Verificação das pastilhas de freios – A cada 30.000 km;
  • Verificação dos discos de freios – A cada 30.000 km;
  • Verificação das lonas de freios (freios traseiros a tambor) – A cada 30.000 km;
  • Verificação do fluído de freio – A cada 30.000 km;
  • Verificação do cilindro mestre e cilindros de roda – A cada 60.000 km;
  • Verificação do sistema de freios anti-bloqueio (ABS) – A cada 60.000 km; Substituição do fluído de freio – A cada 60.000 km.

As pastilhas e os discos de freios são componentes de atrito do sistema de freio, assim estão expostos a condições críticas de funcionamento, então a inspeção do estado destes é indispensável. Caso a pastilha esteja desgastada além do limite, esta pode riscar o disco de freio caso continue sendo utilizada, isso pode ser percebido pelos ruídos emitidos quando o freio é acionado. Como consequência, o disco de freio irá se desgastar prematuramente, e uma vez que a espessura do disco entre em um nível abaixo do tolerado pelo fabricante, o disco sofrer um colapso e trincar no ato de uma frenagem mais forte.

Em veículos com sistema de freios traseiro a tambor, de forma semelhante a inspeção das pastilhas, se faz a inspeção das lonas amianto, que são os elementos de atrito do sistema. Estas não podem ter espessura abaixo de seus rebites, pois riscariam o tambor de freio e facilmente as lonas entrariam em colapso, trincando e reduzindo a potencia de frenagem do veículo.

O fluído de freio possui uma característica muito importante, ele é higroscópico, possui a capacidade de absorver a humidade do ar. A água, no seu estado vapor, contida no ar atmosférico acabar sendo absorvida pelo fluído através de um processo chamado difusão. Isso determina o tempo no qual o fluído deve ser trocado, pois existem regiões onde o clima é bastante seco, e outras onde o clima é muito úmido. O prazo médio para a troca do fluído de freio é de 1 ano. A importância de sua substituição se deve aos problemas causados pela absorção da umidade do ar, a água não reage com o fluído e fica estagnada em pontos do sistema de freio, gerando uma corrosão acelerada dos componentes. Além disso, o fluído perde suas características e acaba atacando as mangueiras do circuito de freio, podendo, em casos extremos, gerar vazamentos.

A inspeção realizada sobre o cilindro mestre e os cilindros de roda buscam problemas referentes a vazamentos, rachaduras e sinais de corrosão, problemas que levam redução da pressão de frenagem. O cilindro mestre e os cilindros de roda são bastante afetados quando o fluído de freio estraga dentro do sistema, passam a serem corroídos de dentro para fora, em casos extremos, o pistão pode travar dentro do cilindro.

Em veículos com sistema de freios anti-bloqueio, a preocupação com o fluído de freio é ainda maior. Visto que este passa por dentro da central eletrônica de controle do abs, um fluído vencido geraria, além do risco a segurança, um custo elevado de reparação do módulo eletrônico e seus atuadores.
Os sensores de velocidade das rodas devem ser verificados para limpeza, pois a região onde estão localizados os expõe a muitos detritos, que podem se alojar entre o sensor e a roda fônica, prejudicando o funcionamento do sensor de velocidade.

Pneus e rodas

Por estarem em contato direto com o solo, pneus e rodas são os componentes mais importantes para o comportamento dinâmico de um veículo. Portanto é necessário que a inspeção também avalie a condição dos pneus, pois através do estado da banda de rodagem é possível ter um indicativo do estado da manutenção, consequentemente do estado dos componentes da suspensão, bem como do alinhamento do veículo.

Até 60.000 km rodados

  • Verificação dos pneus – A cada 30.000 km.

É importante estabelecer uma inspeção periódica dos pneus, a durabilidade destes está ligada as condições de uso e até mesmo a forma de condução do motorista. Contudo, o fator alinhamento é extremamente importante para manutenção da vida útil dos pneus. Uma vez que rodas desalinhadas geram desgaste prematuro e concentrado em determinado ponto da banda de rodagem. Através do desgaste pode se determinar que tipo de problema de alinhamento o veículo possui.

Pneus precisam de verificação da pressão, é natural que esta diminua, porém não em excesso. De certa forma a não verificação da pressão dos pneus pode levar a um alto consumo de combustível, pois estes ficam murchos gerando mais resistência a rolagem.

O desgaste natural dos pneus verificado na inspeção que ultrapassar a medida TWR, é um sinal de que os mesmos devem ser substituídos, pois nesse nível de desgaste a aderência e o escoamento de água proporcionados pelos pneus desgastados não garante mais a segurança dinâmica do veículo.

Sistema elétrico

O sistema elétrico de um automóvel funciona devido a um componente chamado bateria, esta ter sua carga reduzida abaixo de determinado nível, requer um recarregamento, que é realizado pelo alternador. O bom funcionamento do sistema elétrico, basicamente, obriga que bateria e alternador estejam em plenas condições. Porém, existem outro detalhes que interferem no funcionamento do sistema e que pode levar este a uma descarga, consequentemente o não funcionamento do veículo.

Até 60.000 km rodados

  • Verificação do funcionamento do alternador – A cada 60.000 km;
  • Verificação da bateria – A cada 30.000 km;
  • Verificação dos faróis e lanternas – A cada 30.000 km;
  • Substituição da bateria – A cada 3 anos.

O alternador é um componente que produz corrente elétrica alternada e a converte para corrente constante para o sistema elétrico do veículo. Por estar conectado diretamente ao virabrequim, está sempre funcionando. Quando mais consumidores elétricos forem ligados, maior será o esforço que o motor deverá fazer para girar o alternador e assim gerar corrente elétrica. Dessa forma, o alternador é projetado para durar bastante, tanto que não manutenção deste dentro do prazo de 60.000 km, apenas a verificação do seu correto funcionamento, como o teste de carga da bateria e de geração.

A bateria é um componente no qual sua vida útil gira em torno de 3 anos. Embora existam casos de colapso prematuro, estes se devem a manutenção incorreta do sistema elétrico do veículo instalando consumidores elétricos sem se quer avaliar as capacidades do sistema. Nesses casos o alternador não consegue acompanhar a demanda, e esta começa a utilizar a energia armazenada na bateria, e então começam os problemas com bateria descarregada. Entretanto, os componentes internos da bateria se desgastam naturalmente, perdendo sua capacidade de armazenar energia, motivos que levam a sua troca preventiva a cada 3 anos, mas sempre avaliando seu estado a cada 60.000 km realizando os testes de tensão nominal, de carga e tensão de partida.

Faróis e lanternas são os consumidores elétricos mais importantes de um veículo, são os que consomem mais energia (exceto aquecedores elétricos e ventilador do ar condicionado), mas principalmente, são componentes relacionados a segurança. Não podem falhar. Assim a verificação do bom funcionamento dos faróis e das lanternas é importante a cada 30.000 km. Um detalhe importante na inspeção das lâmpadas destes componentes, é que estas se apresentam escurecidas quando próximas de queimar, o que indica o momento ideal de troca mesmo que esta não tenha queimado.