Arquitetura do chassi de carros de corridas – Insertos

Existem algumas características importantes no processo de fabricação monocoque. Como este é o principal componente do chassi de um carro de corrida, a rigidez dessa estrutura define se o carro é capaz ou não de suportar cargas muito altas nas rodas. A rigidez de uma estrutura de fibra de carbono depende do quanto esta tem interrupções nas lonas de carbono. Por exemplo, furos, áreas de seção transversal e inserções. Este último é muito importante, pois sua principal função é fornecer um suporte rígido para possíveis pontos de fixação. Nessas suspensões, o motor, as asas e a carroceria são fixos. Este artigo propõe uma revisão sobre as principais estratégias para construir inserções dentro de monocoques de carbono de carros de corrida de rodas abertas.

Visão geral

FIGURA 1

Basicamente os monocoques possuem insertos em estruturas sanduíche, que são feitas de diversos materiais. Um exemplo pode ser visto na Figura 1. Existem camadas de fibra de carbono e entre elas um núcleo, que pode ser colmeia ou espuma. O primeiro é feito de alumínio da série 6xxx ou Nomex, fabricado pela DuPont. As espumas geralmente são feitas de Rohacell e poliuretano. A principal razão para usar núcleos é aumentar a seção transversal, reduzindo assim a tensão de flexão. Além disso, como os núcleos são leves, o peso do monocoque não é penalizado. No entanto, inserções são adicionadas ao chassi para fornecer meios para conectar componentes ao chassi, principalmente por meio de fixadores. A outra função dos insertos é ser um suporte local, um ponto duro contra as cargas dos componentes que estão fixados nele. Como a rigidez à flexão da fibra de carbono sozinha é baixa, o núcleo é aplicado entre as camadas. No entanto, o honeycomb (HC) tem uma rigidez muito baixa, principalmente no plano em que ocorre a flexão, sendo necessário algo para melhorar a rigidez local. Este é um ponto difícil, uma inserção. Um exemplo de inserto é o que suporta um suporte de suspensão. Uma rosca deve ser cortada no inserto, portanto o material do inserto é muito importante. Na verdade, existem muitas opções como aço, bronze, aço maraging e titânio. Porém, antes de decidir o material, é importante observar que a principal carga que atua nos parafusos e roscas, são as cargas tangenciais. Em outras palavras, tensões de cisalhamento. Em alguns casos, existem algumas cargas axiais, mas as tensões de cisalhamento são maiores. Assim, o que limita esses materiais é sua densidade. Eles são todos pesados. Por esta razão, o alumínio 7075 Ergal é geralmente adotado.

FIGURA 2

Supondo que este suporte do amortecedor seja fixado por parafusos e porcas de fixação. Normalmente, os parafusos são feitos de materiais fortes, mais fortes que o inserto. Como é feito de alumínio ou fibra de carbono, a solução é deixar o parafuso mais comprido. Uma abordagem comum ao usar parafusos é usar um com comprimento de pelo menos duas vezes a rosca, se o parafuso for de alumínio. No caso de parafusos de magnésio, esse comprimento pode ser três vezes maior que a rosca. Por exemplo, se estiver sendo usado um parafuso M8, a espessura do núcleo deve ser duas vezes oito, portanto 16 mm a mais. O problema desse tipo de fixação é que o parafuso-porca vai comprimir a estrutura de carbono e o núcleo, que é feito de um plástico, o TUFNOL.

FIGURA 3

Já que no campo das corridas a principal preocupação é ir o mais leve possível, o uso de parafusos representa mais peso. Por isso, os studs são uma melhor aplicação, pois é possível usar aqueles feitos de materiais fortes, mais fortes que a porca. Além disso, o pino é fixado no inserto como um parafuso, mas com adesivo para fixadores. A seção da haste do pino também pode ter um diâmetro maior para melhorar a resistência contra tensões de cisalhamento, por exemplo, um pino de rebaixo (Figura 3). Outra vantagem do pino é que a rosca no inserto não é abusada, pois o único componente que é removido é a porca. Portanto, a inserção é preservada.

FIGURA 4

Outra opção é usar buchas, mais precisamente, timeserts, aguçados ou korbserts. Basicamente, a bucha é fixada nos insertos de alumínio. Um adesivo é usado para fornecer uma fixação firme da bucha nas roscas de alumínio. Tanto a bucha quanto o inserto são rosqueados. Algumas buchas possuem rosca interna e externa. O objetivo desta abordagem é fornecer um furo menor e mais forte.

Insertos de carbono

As insertos de carbono são uma alternativa às insertos de metal, elas têm alguns prós e contras. A rosca feita em carbono costuma ser mais alta que o furo. O torque de fixação é assegurado por um aditivo de travamento químico. Este é capaz de segurar o parafuso enquanto torna a rosca do inserto e a ligação química o “mesmo corpo”. A principal vantagem dos insertos de carbono é seu peso, são mais leves que os insertos de alumínio, 1,5 kg/dm3 contra 2,8 kg/d3 de densidade de carbono e alumínio, respectivamente. Assim, é possível ter uma inserção maior. No entanto, o problema das pastilhas de carbono é o desgaste de sua rosca. Além disso, os processos de construção da rosca, taping ou furação, geralmente cortam lonas que são estruturais, podendo gerar trincas.

FIGURA 5

A Figura 5 ilustra como as buchas são montadas em inserções de carbono. São buchas especiais com rosca interna e externa que são adesivos de fixação fixos, agulhas ou korbserts. Nestes casos, se o tamanho do fixador for M6, o furo deve ser M8. No caso de fixação M8, o furo deve ser M10. Há uma pequena camada de adesivo entre a bucha e as roscas do inserto. Uma vez que uma fibra de carbono sozinha tem uma baixa tensão de cisalhamento, isso também representa um problema para esse tipo de inserto. Considerando a situação de um pino fixado em um inserto de carbono conforme a Figura 6.

FIGURA 6

As principais cargas a que esta está submetida são tração e cisalhamento. Entendendo que o painel é composto por duas peles de carbono, o inserto é colado entre elas (estrutura sanduíche). Portanto, a força F1, que tende a puxar o pino, é a mais crítica. Esta é uma função das características da cola ou adesivo, da área que esta se espalha sobre a superfície e da força de cisalhamento desenvolvida entre o pino e a camada adesiva. A outra carga importante é F2 , ela define a resistência das lonas de carbono. Na verdade, estes são submetidos a isso pois o inserto pode destruir as lonas de carbono o que resultaria no desprendimento total desta do monocoque. Portanto, F2 é uma função da tensão de cisalhamento das camadas de carbono e sua espessura. Outro fator importante é o perímetro, pois o cisalhamento ocorre sobre ele. Por esta razão, a tensão de cisalhamento da matriz (resina), e não da fibra de carbono, é tão importante.

Suportes de motor

Uma das principais inserções construídas no monocoque é o coxim do motor. Como já se sabe, em carros de corrida de rodas abertas, o powertrain tem uma função estrutural. Assim, as pastilhas utilizadas para os suportes do motor são fundamentais, pois não só o motor é uma parte pesada do carro, como também vibra. Portanto, os coxins do motor são inserções com a função de sustentar o motor e absorver sua vibração. O principal problema que essas montagens apresentam é a carga do rolamento. Como o pino é feito de materiais de alta resistência, isso aumenta a resistência ao cisalhamento na pastilha. O resultado é que o furo do pino ficou oval, o que deixa o pino solto. Por esta razão foram desenvolvidas diferentes estratégias para a montagem dos coxins do motor no monocoque e estas estão resumidas a seguir:

  1. Inserto de carbono com porca de barril de metal;
  2. Inserto de carbono com arruela de alumínio e porca de aço;
  3. Inserto de aço e carbono com porca cilíndrica de metal;
  4. Inserto de alumínio;
  5. Inserto de alumínio com bucha roscada de metal;
  6. Cavilhas.

Essas opções também podem variar de acordo com o tipo de pino utilizado, quais sejam os pinos convencionais e os pinos de fundo. Na verdade essa é uma estratégia para distribuir melhor a tensão sobre os fios. Os prisioneiros convencionais concentram toda a sua tensão nas três primeiras roscas, 50%, 25% e 12%, respectivamente. O gargalo do fundo possui uma protuberância em uma de suas extremidades. Este é o lado aplicado no inserto e proporciona uma distribuição de tensão mais uniforme sobre as roscas do prisioneiro. As Figuras 12 e 10 ilustram exemplos de prisioneiros de fundo.

Inserção de carbono com porca de barril de metal

FIGURA 7

Insertos de carbono são muito leves e se tornam uma boa opção para coxins de motor mesmo com baixa tensão de cisalhamento. Na verdade, uma porca cilíndrica de titânio é usada para conectar o pino ao inserto. O formato da porca barril melhora o contato com as lonas de carbono, proporcionando assim uma melhor fixação após a cura.

Inserto de carbono com arruela de alumínio e porca de aço

FIGURA 8

Inserto de carbono e aço com porca cilíndrica de metal

FIGURA 9

A estrutura da lasanha é geralmente baseada em uma mistura de camadas de carbono e aço, que são colocadas alternadamente umas sobre as outras. O objetivo é aumentar a resistência ao cisalhamento da junta, pois as telas de aço representam uma resistência adicional à matriz. De fato, as lonas de carbono têm uma baixa tensão de cisalhamento. O aço tem uma tensão de cisalhamento de cerca de 600 MPa. Outra razão é devido ao que ocorre quando um pino é carregado conforme sugerido pela Figura 9. Isso leva à chamada carga do rolamento, que torna o furo oval. Um grande aumento da resistência também aumenta a tensão de cisalhamento sobre a junta, pois não só as fibras de carbono estão sendo tensionadas, mas também as chapas de aço. Normalmente, os carros de corrida têm entre 4 e 6 pinos para apoiar o motor. Estes são altamente carregados, mas em constante variação entre tração e compressão devido à transferência de carga durante a condução. São condições nas quais os prisioneiros geram uma carga de rolamento nos insertos. Esta é a razão pela qual alguns prisioneiros exibem algum jogo. A configuração de lasanha com porca barril também é uma estratégia comum para evitar a carga do rolamento.

Inserto de alumínio

FIGURA 10

É o pastilha mais comum usada em carros de corrida. Um pino de aço de alta resistência não é fixado diretamente no inserto de alumínio, pois isso pode facilmente desgastar sua rosca. Para preservar o inserto, uma bucha de aço é adicionada. Pode ser montado por rosca ou com adesivo. De qualquer forma, a tensão do pino é totalmente suportada pela bucha.

Inserto de alumínio com bucha roscada de metal

FIGURA 12

Semelhante ao exemplo anterior, mas a bucha possui rosca interna e externa. Para manter a bucha fixa no inserto é utilizado um adesivo.

Cavilhas (Dowels)

FIGURA 11

Para auxiliar na montagem do motor é comum a aplicação de buchas (Figura 11). São basicamente buchas que localizam os pinos que saem da caixa de engrenagens e da carcaça. Cavilhas são usadas para alinhamento e localização precisa da montagem do motor no monocoque e na caixa de engrenagens. Eles são normalmente posicionados no cárter ou bloco do motor.

Processo de cura dos insertos

FIGURA 13

A melhor estratégia para fixar o coxim do motor, ou qualquer outro inserto importante, no monocoque, é curar este com a primeira pele. Desta forma, os insertos podem ser moldados de acordo com a geometria desta região do monocoque. Assim, um ciclo de cura típico é a 1ª pele mais o inserto principal e a 2ª pele junto com outros insertos e o favo de mel, ou qualquer outro núcleo. Esta é uma abordagem para usar o inserto como um assento para a fibra de carbono. Durante a laminação das camadas de carbono em um molde, existem diferentes camadas que são as úmidas ou pré-curadas e as curadas.

FIGURA 14

O problema é a diferença de espessura entre as camadas úmidas e curadas, que enquanto o saco de vácuo está esmagando todas as camadas no molde junto com a pressão da autoclave, elas podem apresentar um problema chamado ponte. Isso ocorre quando as camadas não copiam perfeitamente o molde. Na Figura 14 é possível visualizar um ponto onde pode ocorrer o bridging. Isso está na parte inferior da estrutura perto do chanfro da pastilha. Essa região pode apresentar ponte se as camadas não forem devidamente laminadas. De fato, a ocorrência ou não de ponte requer operadores muito habilidosos.

FIGURA 15

A porca cilíndrica é curada junto com inserções de carbono. Antes da cura, os orifícios são construídos na inserção e a porca cilíndrica é montada manualmente, depois o pino também é fixado manualmente. Em algum momento, a porca cilíndrica está sendo comprimida enquanto o pino está sendo preso. Portanto, a porca cilíndrica é fixada no inserto devido à fixação do pino. O pino de montagem e a porca cilíndrica são muito fortes, o que é útil na estratégia de lasanha para suportar a carga do rolamento. As porcas barril são feitas de aço ou titânio.

Referências

  • Este artigo é basicamente o meu entendimento sobre uma das aulas de Chassi e Body Design ministradas por Luca Pignacca e Gianni Nicoletto.