Engenharia Automotiva na Itália – Parte 1: Como eu vim parar aqui?

Olá, pessoal! Eu sou o Anderson, engenheiro mecânico, mestre em Engenharia Automotiva e atualmente doutorando na Itália. Neste artigo quero compartilhar com vocês um pouco da minha trajetória até chegar aqui – uma história que começou lá atrás, com um simples programa de TV, e se transformou em uma jornada cheia de desafios e aprendizados.

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O início de tudo

Tudo começou em 2012, quando eu estava em casa assistindo a um programa sobre marcas de carros. Na tela, apareceram Ferrari, McLaren, Fórmula 1… e naquele momento pensei: eu consigo trabalhar nisso, eu posso chegar lá.
Essa foi a “sementinha do mal”, como costumo brincar. Uma ideia que não saiu mais da minha cabeça.

Na época, eu estudava Engenharia na Unifor, em Fortaleza, e trabalhava na Ford/Troller como inspetor de produto. Apesar de ser um bom emprego, eu sentia que não estava me desenvolvendo como gostaria. Comecei a questionar minha carreira e a buscar alternativas.


O desafio do FIES e a transferência

Para pagar a faculdade, recorri ao FIES, mas logo percebi problemas no financiamento. Decidi então prestar o ENEM e tentar uma vaga na Universidade Federal do Ceará (UFC). Deu certo! Fiz a transferência e resolvi me dedicar 100% aos estudos.
Essa escolha teve consequências: perdi alguns semestres e precisei recomeçar praticamente do zero. Foi uma fase difícil, marcada também pelo fim de um relacionamento e pelas incertezas da crise política e econômica de 2015.


Adaptando-se à UFC

A mudança da universidade particular para a federal foi um choque. Na Unifor, o suporte era maior; na UFC, era preciso correr atrás de tudo. Aos poucos fui aprendendo a “viver a universidade”, participando de atividades extracurriculares e entrando nos laboratórios de pesquisa.

Primeiro, atuei no Laboratório de Motores, ainda com o sonho da Fórmula 1. Depois, mudei para o Laboratório de Vibrações Mecânicas, onde realmente cresci como pesquisador, estudando ruído de freio e publicando artigos científicos. Foi nesse período que descobri minha vocação para pesquisa.


A pandemia e a escrita

Com a pandemia em 2020, as aulas pararam por alguns meses. Para mim, esse tempo se transformou em oportunidade: aproveitei para escrever artigos. Nesse período, finalizei e publiquei diversos trabalhos, fortalecendo meu currículo acadêmico.


O reencontro com o sonho

Já perto de me formar, meu professor Rômulo me enviou um edital de mestrado internacional. Tratava-se do Motorvehicle University of Emilia-Romagna (MUNER), um consórcio de universidades italianas em parceria com marcas icônicas como Ferrari, Pagani, Maserati e Ducati.
Na hora percebi: o sonho da Fórmula 1 voltava a ganhar forma. Ainda não podia aplicar, pois faltava um semestre para concluir a graduação, mas coloquei como meta para o ano seguinte.

E assim começa a minha jornada rumo à Itália. Essa história continua na Parte 2, onde conto como foi o processo de aplicação, os desafios e a realização desse sonho.


Conclusão

Minha trajetória mostra que o caminho até os grandes objetivos nunca é linear. São erros, aprendizados, quedas e recomeços que acabam nos levando onde sempre sonhamos estar. Se você também tem um sonho grande na área automotiva, não desista. Trace metas, busque oportunidades e esteja preparado para os desafios.