Funcionamento e detalhes das suspensões Braço Arrastado e Semi-arrastado

Um sistema de suspensão independente, versátil e relativamente barato. Com basicamente duas variações, o braço arrastado e o sistema braço semi-arrastado são, atualmente, utilizados somente no eixo traseiro. Existiram poucas aplicações no eixo dianteiro, mas estas não se mostraram tão eficazes e logo foram descontinuadas. Este sistema de suspensão combina os fatores custo, desempenho e manutenção de forma eficiente a ponto de suas aplicações abrangerem de pequenos quadriciclos até sofisticados sedãs médios.

Aplicação

Braço arrastado do popular Volkswagen Sedan.

Embora esse tipo de suspensão seja largamente utilizado no eixo traseiro, existiram aplicações deste sistema no eixo dianteiro. Volkswagen e Porsche exploraram bastante o conceito no Volkswagen Sedan e seus derivados, neste caso, os primeiros veículos de Ferdinand Porsche.

Ainda nos dias de hoje a suspensão dianteira do VW Sedan é bastante explorada em variações do mesmo, mas voltada para pequenos monopostos de competição (F-VEE) e carros de rali (bajas).

O Corvette de 1984 utilizou a suspensão braço arrastado.

Entretanto, foi no eixo traseiro que esse tipo de suspensão ganhou espaço, um simples mecanismo articulado e robusto, que aceita tanto eixos tracionados como eixos mortos. Consequente tornou-se bastante aplicada em veículos de alta performance, como os modelos Corvette até 1984. Além disso, esse eixo, devido sua simplicidade de projeto e benefícios para a geometria da suspensão, ganhou em espaços nos projetos universitários para a competição Baja SAE, bem como em veículos de competição off-road extrema, que competem nos ralis Baja e Dakar. As aplicações em quadriciclos e UTVs são frequentes.

Para veículos civis, ambos, braço arrastado e semi-arrastado são, atualmente, aplicados no eixo traseiro de veículos pequenos e médios, com tração dianteira, traseira ou nas quatro rodas. A aplicação em eixos dianteiros entrou em desuso.

Características

Os sistemas de suspensão braço arrastado e braço semi-arrastado diferem entre si em alguns poucos detalhes, mas estes são suficientes para alterar significativamente a resposta do veículo em algumas situações, bem como suas características fundamentais.

Braço arrastado

No primeiro tipo, existem variações que as buchas dos braços longitudinais são substituídos por rolamentos, pois embora seja uma pouco mais pesados que as buchas, são mais robustos e possuem uma histerese muito baixa. Ou seja, a resistência da suspensão ao seu próprio movimento é mínima, o que faz a roda acompanhar ao máximo as irregularidades do piso.

Com ou sem cross beam, trata-se de um tipo de suspensão compacto, e isso se reflete no espaço embaixo do carro, no qual é disputado por tanque, suspensão e estepe. Entretanto o mais importante, é a pouca invasão no espaço destinado ao bagageiro, o que permite a este sistema ser aplicado com êxito em veículos com tração dianteira.

Por ter poucos componentes, e estes, de fácil manufatura, tornou-se um sistema simples e de baixo custo de produção. Embora este, não tenha superado em simplicidade o eixo de torção, trata-se de um sistema de suspensão independente que tem melhor desempenho, requer manutenção (alinhamento) e é mais caro que o sistema de eixo de torção.

Entretanto, para veículos mais sofisticados, é mais barato que o complexo multilink ou duplo A é mais fácil de se manusear em caso de manutenções preventivas e corretivas.

Sua simplicidade também permite ser um sistema que aceita bem aplicações em veículos de tração traseira. Conferindo a este, sua vantagem em ter baixa massa não suspensa, novamente um fator resultante dos poucos componentes do sistema.

Por outro lado, o braço arrastado é um sistema que não absorve bem as vibrações da suspensão, os braços frequentemente se deformam resultando em efeitos indesejados durante curvas, como o sobresterço. Em aplicações com rolamentos no lugar das buchas, é perceptível a rigidez dos rolamentos durante a exposição a cargas longitudinais. Uma vez definido o projeto da suspensão, não há mais possibilidade realizar ajustes que melhorem sua elastocinemática, todos os parâmetros são fixos. Além disso, sua característica independente permite que a roda, enquanto a carroceria desenvolve um ângulo de rolagem, tenha um ângulo de cambagem que não acompanha a rolagem, não desenvolvendo o camber recovery. Portanto, trata-se de um sistema intermediário ao simples eixo de torção, mas aquém de sistemas consagrados como duplo A e multilink.

Braço semi-arrastado

O braço semi-arrastado é um sistema que evoluiu do eixo oscilante, aplicado em alguns veículos de tração traseira. Sua maior colaboração foi a redução das variações de cambagem com a oscilação da roda, algo bastante criticado no eixo oscilante. Não perdeu a simplicidade de manutenção e de projeto do eixo oscilante, bem como conferiu a suspensão melhores capacidade de elastocinemática e ainda mantendo baixo nível de massa não suspensa e deslocamento vertical limitado.

Em carros de motor dianteiro e tração traseira, quando a roda se desloca verticalmente, a distância desta para o semi-eixo sofre uma pequena variação. Além disso, o fato do semi-eixo já estar inclinado favorece uma variação considerável da bitola da roda. Esta deve ser compensada por juntas universais ou homocinéticas em ambos os lados do semi-eixo.

Entretanto, essa característica exige mais dos pneus, pois a variação de bitola é excessiva.

Fisicamente, sua principal característica em relação ao sistema braço arrastado, é o eixo dos braços de direção. Nesta aplicação os braços rotacionam sobre dois eixos inclinados e simétricos. Essa inclinação permite que o conjunto possibilita um modesto valor de camber recovery, e uma desejável e pequena variação no ângulo de convergência das rodas traseiras que resulta em um comportamento subesterçante do veículo em curvas.

Este sistema também apresentou características favoráveis em veículos com powertrain instalado na traseira. Como o eixo de rotação dos braços de suspensão é inclinado, em algumas aplicações a extensão da linha desse eixo corta com a linha de eixo das homocinéticas que saem da caixa de marchas. Esse detalhe evita que ocorra uma variação significativa do comprimento dos semi-eixos durante o movimento vertical da roda, permitindo até, a utilização de juntas universais comuns. Por outro lado, esse mesmo fator favorece, em carros de powertrain traseiro, o comportamento sobresterçante do veículo, gerando o efeito contrário do que se obtém em veículos com powertrain dianteiro e tração dianteira, traseira ou nas quatro rodas.

Braço arrastado guiado

Conceito que nasceu como uma variação do braço arrastado, conserva a principal vantagem deste, a pouca invasão do compartimento do porta-malas. Entretanto, este possui algumas características próprias.

Uma delas é o maior grau de liberdade da suspensão e sua melhor capacidade elastocinemática. Com o maior número de ligações, maior também o número de buchas utilizadas tanto para absorção de vibração, como para garantir maior grau de liberdade para as hastes e braços da suspensão. Com isso, obteve-se um melhor controle da geometria de suspensão, garantindo que a roda tenha convergência favorável em momentos de cargas longitudinais e em contorno de curvas.

As rodas não variam tanto sua posição nestas situações, de forma que não se sente efeitos de sobresterço, ao invés, a utilização e o posicionamento bem planejado das buchas provoca um comportamento subsesterçante do veículo, algo proposital por questões de segurança. Além disso, a absorção das vibrações da rodas são melhores, sendo portanto um sistema que favorece também o conforto do veículo.

Por outro lado, trata-se de um sistema com mais pontos de regulagem e ajuste, sendo um pouco mais complexo que as outras duas variações. Assim, acabou se tornando mais caro de projetar e de manter.

Componentes

Os sistemas de suspensão braço arrastado e braço semi-arrastado são compostos pelos seguintes componentes fundamentais:

  • Subchassi ou agregado (subframe);
  • Braço de suspensão;
  • Rolamentos ou Coxins;
  • Molas;
  • Amortecedores;
  • Barra anti-torção.

Subchassi ou agregado (subframe)

Trata-se da estrutura que conecta os braços de suspensão ao chassi, existem variações de sistemas de braço arrastado que os braços são conectados diretamente na estrutura do veículo. Entretanto, para automóveis civis é comum a utilização do subframe. Neste, uma barra ou tubo transversal possui em suas extremidades os suportes para cada braço de suspensão. Estes são soldados no tubo transversal e toda a estrutura do subchassi está conectada a carroceria por meio buchas de borracha.

Dependendo do projeto da suspensão, os suportes dos braços também servem de alojamento para os componentes elásticos desta, as molas e os amortecedores. Os suportes são fabricados em aço através do processo de estampagem, onde folhas de aço são estampadas por prensas com o moldes do formato da peça em questão.

O tubo transversal tem seu formato variado quando se trata do braço semi-arrastado. Como neste sistema os braços estão conectados a eixos simétricos inclinados, o subchassi possui sua estrutura em V com os suportes dos braços soldados, assim como no sistema braço arrastado, nas suas extremidades.

Braços de suspensão

Nesta configuração de suspensão, os braços estão posicionados na longitudinal, e giram em torno do eixo Y do veículo. Cada braço está posicionado na extremidade do tubo transversal (cross beam), é fabrica em ferro fundido, porém, na aplicação para braço semi-arrastado pode ser fabricado em aço por meio de estampagem.

O braço é o componente móvel da suspensão, nela estão os suportes inferiores dos amortecedores e das molas. Além disso, o braço também a aloja a flange do sistema de freios, seja ela a tambor ou disco. Em algumas aplicações há a utilização da barra estabilizadora, e esta possui suas extremidades conectadas aos braços de suspensão.

Rolamentos e buchas

Em toda suspensão as buchas possuem a mesma função, permitir os movimentos das articulações da suspensão, absorver parte dos impactos sofridos pela e servir de elemento de sacrifício, evitando o desgaste precoce das articulações. Entretanto, na suspensão tipo braço arrastado, as buchas possuem determinante no comportamento do veículo. Em algumas aplicações, é natural que devido às características desse sistema de suspensão, o veículo apresente um comportamento sobresterçante. Portanto, algumas buchas são utilizadas para reduzir esse efeito, através das sua deformação proposital.

Os rolamentos são utilizados nos pontos de fixação dos braços de suspensão, sua vantagem em relação as buchas, é sua rigidez. Por isso, em aplicações de suspensão braço arrastado ou semi-arrastado que utilizam rolamentos, não há variação apreciável da cambagem e convergência devido as forças sofridas pelas rodas. Estas, chegam a causar deformações nos braços de forma que este, em sistemas com buchas de borracha, provoque a variação da posição da roda.

Outra diferença entre as buchas e os rolamentos estão nas dimensões, os rolamentos são mais compactos e suportam cargas maiores, por outro lado são mais caros. As buchas, mais baratas, são mais flexíveis, absorvem melhor as vibrações, mas ocupam mais espaço que os rolamentos. E este último fator é determinante para sua utilização, visto que o conjunto disputa espaço com estepe, tanque de combustível e porta-malas.

De qualquer forma, não há melhor ou pior entre os dois. Existem excelentes projetos de suspensão braço arrastado que se utilizam de buchas para funciona, ou rolamentos. A opção é feita de acordo com as exigências do cliente em relação ao projeto.

Molas

Neste conceito de suspensão, as molas estão alojadas entre o braço de suspensão e o subchassi, ou em casos em que os braço são fixados na estrutura do veículo, as molas possuem seu apoio superior na carroceria. Pequenas buchas entre as molas e seus apoios promovem o contato desta com seus suportes sem atrito e ruídos.

Amortecedores

Assim como as molas, são localizados entre os braço de suspensão e o subchassi ou carroceria. É fixado por meio de parafusos e brackets no subchassi

Barra de torção

A barra de torção é utilizada para evitar a rolagem excessiva da carroceria, o que prejudica o comportamento dinâmico do veículo. Na suspensão tipo braço arrastado e semi-arrastado, a barra anti-torção é fixada diretamente no braços de suspensão, porém, sem qualquer outra fixação. E isso a difere das barras anti-torção mais conhecidas, que possuem uma fixação central. Por esse motivo, a barra de torção aplicada nas suspensões braço arrastado e semi-arrastado é chamada de barra flutuante.

Tipos

O braço arrastado é assim chamado pois os braços são fixados em posição longitudinal, de forma que quando o veículo é posto em movimento, os braços de suspensão seriam arrastados por este. Dessa forma, a partir da própria suspensão braço arrastados, surgiram mais duas variações. Sendo então, três tipos de suspensão com essa mesma característica, são elas:

  • Braço arrastado;
  • Braço semi-arrastado;
  • Braço arrastado guiado.

Braço arrastado

Utilizado na suspensão traseira de veículos compactos e médios, em especial, carros com tendência para o desempenho. O braço arrastado possui braços de suspensão fixados em um eixo perpendicular ao eixo longitudinal do veículo. Dessa forma, o eixo de rotação dos braços é paralelo ao eixo Y do veículo.

As articulações da suspensão são montados em um subchassi ou diretamente na carroceria do veículo, buchas ou rolamentos permitem o movimento do braço. De qualquer forma, em veículos de tração traseira e suspensão do tipo braço arrastado, o diferencial é fixado diretamente na carroceria do veículo, de modo que a massa não suspensa do sistema seja reduzida.

Braço arrastado aplicado em um veículo com tração traseira.

Os braços controlam a arfagem do veículo, que são os movimentos em torno do eixo Y deste. Neste caso, os movimentos de levantamento e mergulho da dianteira, movimentos longitudinais para absorver as reações da aceleração e de frenagem.

Durante o curso da suspensão, quando exposta a essas exigências, ocorre uma variação da distância entre-eixos, mesmo assim os valores de convergência e divergência permanecem quase inalterados e o conjunto não apresenta nenhum camber recovery. Com relação a este fator, no projeto da suspensão braço arrastado é levado em conta a deformação do braço devido às forças verticais e laterais que agem neste.

Braço arrastado aplicado no eixo dianteiro.

Uma variação da suspensão braço arrastado foi utilizada no eixo de dianteiro de alguns veículos. Era composta por três barras de torção, onde cada braço de suspensão possuía uma barra ligada a este, em uma extremidade, a ao chassi na outra extremidade. Enquanto que a terceira barra se ligava aos dois braços fazendo o trabalho de uma barra de torção.  Embora de conceito e manutenção simples, este tipo de braço arrastado caiu em desuso devido aos problemas com conforto.

Como se tratava de uma eixo utilizado na dianteira, a absorção das vibrações é essencial, característica que era penalizada devido ao eixo de articulação dos braços, longitudinal e desfavorável quando as rodas sofrem impactos. Além disso, a variação excessiva do torque de retorno do volante era outro incômodo observado. Entretanto, era um sistema de manufatura barata, de fácil manutenção, componentes simples e duráveis.

Braço semi-arrastado

Trata-se de um conceito de suspensão muito próximo a variação no qual deu origem, os componentes são os mesmos e o funcionamento é semelhante. Também permite a utilização de buchas ou rolamentos para permitir o movimento dos braços de suspensão. Além disso, é tão boa quanto a braço arrastado no quesito alojamento, compartilhando com facilidade o espaço com tanque, porta-malas, estepe e, dependendo da aplicação, diferencial.

Os braços de suspensão estão conectados a eixos inclinados em relação ao eixo longitudinal do veículo. Essa inclinação pode variar de 18 a 25 graus, e isso permite uma pequena porcentagem de camber recovery, o que não era possível com a suspensão braço arrastado. Esse fenômeno faz com que a roda produza um efeito que age contra a direção da curva, e com uma pequena variação na convergência das rodas , o veículo passa a exibir um comportamento subesterçante em contorno de curvas. Dependendo da aplicação da suspensão, em veículos de motor traseiro e tração traseira mais especificamente, a suspensão braço semi-arrastado também provoca o sobresterço nas curvas.

A inclinação dos eixos de articulação dos braços de suspensão também auxilia no sistema de transmissão. O prolongamento imaginário dos eixos possui seu ponto de interseção na região do diferencial, precisamente sobre sua articulação, a junta universal. Isso possibilita uma redução considerável na variação do comprimento da árvore de transmissão, favorecendo a simplicidade do projeto.

A suspensão braço semi-arrastado surgiu para sanar algumas fraquezas da suspensão braço arrastado, uma delas é o sobresterço provocado durante o contorno de curva. Entretanto, o conceito acabou por apenas reduzir esse efeito, e o comportamento sobresterçante do veículo ainda é ligado a esses tipos de suspensão. Entretanto, é um projeto bem sucedido, que o coloca como excelente opção entre a braço arrastado e o eixo oscilante.

Braço arrastado guiado

Muitos estudiosos e engenheiros não consideram esse tipo de suspensão como sendo um braço arrastado. Para eles, trata-se de uma variação da Multlink, ou a própria. Entretanto fato é que não difícil reparar que também se trata de um braço conectado a um eixo transversal, de forma que no deslocamento do veículo ele seja “arrastado”. Independente do nome, sua funcionalidade é o que importa, e também é fato que esta foi concebida de forma a ser a evolução da suspensão braço arrastado.

Trata-se, também, de braços de suspensão conectados a um eixo perpendicular ao eixo longitudinal do veículo. Este também possui buchas que permitem seu movimento, além de também incorporarem o flange para o sistema de freios traseiros. Mas diferenciam-se do seu antecessor na quantidade de articulações da suspensão. Além dos braços de suspensão, possui mais dois braços adicionais, estes porém, em posição transversal.

Mesmo com mais articulações, conservou o bom alojamento de seus componentes, sem excessivamente disputar espaço com tanque, porta-malas, estepe e em casos necessários, o diferencial.

Essa peculiaridade concedeu ao braço arrastado guiado mais alguns graus de liberdade em seus funcionamento. O braço de suspensão ou o braço arrastado propriamente dito cumpre a função de articular a roda na direção longitudinal, de forma que esta possa trabalhar mesmo sobre cargas longitudinais (aceleração e frenagem) e esforços de flexão. Isso sem vibrações excessivas que comprometem a sensação de conforto, fator promovido também pela eficiente bucha do braço de suspensão.

Os braços adicionais são destinados a suportar as cargas transversais nas quais as rodas são expostas. Cada braço possui buchas elásticas que permitem uma variação proposital da convergência, de modo que durante as cargas de frenagem e em curvas o veículo permaneça estável, sem tendência ao sobresterço. Estas articulações também promovem determinado nível de camber recovery em curvas, melhor que em ambas configurações de braço arrastado e semi-arrastado.

A suspensão braço arrastado guiado é de fato superior, em relação às outras duas, ao promover melhor nível de camber recovery e variação controlada da convergência de forma a manter boa estabiliade direcional. Isso é virtude do bom projeto de posicionamento das buchas elásticas e dos braços auxiliares que contribuem para o bom posicionamento da roda em curvas, cargas de frenagem e aceleração.

Funcionamento

Braço arrastado

Quando o veículo encontra-se em deslocamento retilíneo as cargas significativas virão em situações de aceleração e frenagem, nestes os braços de suspensão trabalham totalmente resistindo à flexão e ao momento provocado pelas forças que agem nas rodas. As buchas auxiliam na absorção de vibração do conjunto. Em situações de frenagem, o torque provocado pelos componentes do freio gera um torque no eixo da suspensão. Este auxilia na redução da elevação da suspensão traseira em momentos de frenagem, essa elevação retira carga das rodas traseiras e compromete o manuseio do veículo. Entretanto, o movimento dos braços de suspensão em cargas longitudinais provoca uma pequena alteração na distância entre eixos, esta se reflete um pouco no desgaste dos pneus, que é ampliado.

Em curvas, a suspensão do externo a curva está em compressão enquanto a suspensão interna está em extensão. As forças que agem nas rodas nesse momento provoca uma torção nos braços de suspensão, que acabam variando a convergência das rodas traseiras. Isso provoca uma tendência ao sobresterço nas curvas.

Braço semi-arrastado

Sendo semelhante ao tipo anterior, nesta variação os braços de suspensão também controlam as cargas oriundas do movimento retilíneo do veículo. Essas cargas provocam momentos nos braços, e estes por terem eixos inclinados em relação ao eixo longitudinal do veículo, conseguem se movimentar mantendo um bom posicionamento da roda. Portanto, em frenagens, essas suspensão confere melhor estabilidade ao veículo em relação ao tipo anterior, motivo pelo qual o braço semi-arrastado se adaptou melhor a veículo com tração nas rodas traseiras.

Durante o contorno de curvas, novamente o posicionamento diferenciado dos braços de suspensão auxilia na posição das rodas. Nesta situação crítica, as rodas experimentam diferentes cargas, a rolagem da carroceria é inevitável, porém amenizada, pois as rodas não acompanham totalmente a inclinação da carroceria, mantendo melhor contato com o solo. O camber recovery possui um nível pequeno, porém significativo.

Braço arrastado guiado

Esta variação funciona da mesma forma que as duas suspensões anteriores, porém, com mais articulações, algumas diferenças são observadas.

Os braços de suspensão também suportam as mesmas cargas longitudinais em frenagens, na condução em curvas, a torção do braço permite alteração do ângulo de camber, de forma que este não acompanha a inclinação da carroceria. Entretanto, na suspensão braço arrastado guiado esse efeito ocorre em maior nível em relação a braço semi-arrastado, permitindo melhor comportamento do veículo em curvas.

Isso também é mérito dos braços adicionais, que suportam as cargas transversais das rodas nessa condição crítica. Esses braços, em algumas aplicações também suportam as forças nos componentes elásticos da suspensão (molas e amortecedores).

As buchas dos braços são dispostas de forma a permitir o movimento longitudinal dos braços de suspensão e transversais sobre os braços auxiliares. Além de também não permitir a propagação das vibrações provenientes das cargas impostas as rodas. As buchas, em situações de curva e transferência lateral de carga, permitem a variação da convergência, porém, de forma a provocar uma tendência subesterçante do veículo.

Manutenção

Como em todo sistema de suspensão independente, o alinhamento é requerido, mesmo nos casos abordados no artigo, que são suspensão destinadas ao eixo traseiro. Embora sejam simples de conceito, são mecanismos que se utilizam de buchas elásticas para manter as características elastocinemáticas desta, bem como o alinhamento das rodas em relação ao solo.

As buchas são bastante expostas as cargas quando o veículo contorna curvas, motivo pelo qual deve-se destinar um atenção ao seu estado no momento de manutenções corriqueiras. O mau funcionamento das buchas prejudica o posicionamento das rodas traseiras em curvas, gerando então, falta de estabilidade, ruídos e vibrações. Na suspensão braço arrastado guiado, a maior quantidade de buchas exige ainda mais atenção do reparador no momento das manutenções.